Laboratórios de verificação de medidores de umidade de grãos dos órgãos delegados do Inmetro dão mais segurança à comercialização 03/09/2021 - 16:21

Desde o ano passado, nove estados brasileiros com forte presença do agronegócio em suas economias contam com laboratórios de verificação de medidores de umidade de grãos. Esses laboratórios estão instalados em órgãos delegados que formam a Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade do Inmetro (RBMLQ-I) nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás. Antes disso, o Paraná já contava com o primeiro laboratório de verificação de medidores de umidade de grãos do País, inaugurado em 2002.

A umidade é um dos principais fatores na formação de preço da soja, do milho, do café, do trigo entre outros grãos e, por isso mesmo, sempre foi um ponto polêmico nas relações comerciais entre produtores, comercializadores e cooperativas que trabalhavam com medidores universais, sem aprovação de modelo e sem regulamento técnico-metrológico do Inmetro. Impasses em relação às medições divergentes entre as partes, erros apresentados pelos instrumentos e até divergências causadas por má fé eram frequentes na comercialização desses produtos no passado recente. “Por meio desses laboratórios, o Inmetro garantirá a confiabilidade das medições e assim permitirá um valor correto nas safras, estabelecendo uma justa relação de comércio no Brasil, já que somos um dos maiores exportadores de grãos do mundo”, assinala Marcos Heleno Guerson, presidente do Inmetro.

Em agosto, o Ipem-MT verificou em campo cerca de 100 medidores de umidade de grãos, resultado da campanha que o órgão delegado do Inmetro realizou para aferir os medidores de umidade da soja, do milho, do café e do arroz, culturas das quais o estado é um dos maiores produtores do Brasil. Para essa iniciativa, o Instituto instalou um laboratório volante no Sindicato Rural de Primavera do Leste para facilitar a aferição dos instrumentos dos produtores do interior do estado. “Além de ser uma obrigação, é direito do produtor ter seu equipamento verificado para assegurar a qualidade do seu produto”, enfatiza Bento Bezerra, presidente do Ipem-MT, que tem o desafio de aferir 3,5 mil medidores registrados no Mato Grosso.

No Rio Grande do Sul, a Superintendência do Inmetro (Surrs) inaugurou seu laboratório em fevereiro deste ano e já realizou 707 verificações e 147 aferições periódicas. "Ter a segurança de compra e venda de grãos cuja umidade foi medida em um equipamento verificado pelo Inmetro aumenta a credibilidade dos produtos brasileiros", frisa Joel Franceschini, coordenador de Gestão Técnica da Surrs. No Paraná, estado que produz mais de 40 milhões de toneladas de grãos por ano, sendo responsável por cerca de 18% da produção nacional, o Ipem-PR já realizou 54 verificações em 2021, para 32 cooperativas.

 

Perdas ao produtor

As perdas geradas pela falta de segurança e de transparência na comercialização de grãos não são poucas, principalmente se considerarmos que o Brasil exporta mais de 120 milhões de toneladas de grãos por ano. Para ser ter ideia, as riquezas produzidas pelo agronegócio responderam por 26,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no ano passado.

Se formos considerar a previsão de produção para a safra 2020/2021 de 265,9 milhões de toneladas, um erro de 1% para mais ou para menos ganha proporções de milhões de reais. Em um rápido exemplo podemos dimensionar os prejuízos. Um erro de 1% em 100 mil toneladas de grãos resulta em 1 mil toneladas de perda ou ganho. Na soja, esse volume corresponde a 16,6 mil sacas de 60 kg. Considerando que a saca do produto custa em torno de R$ 170, chegamos a um valor de R$ 2,822 milhões de diferença no preço. Antes do RTM entrar em vigor, técnicos dos Ipem chegaram a encontrar erros de até 3% na medição da umidade de grãos.

 

Portaria Inmetro

Esse novo cenário está sendo possível por causa da Portaria Inmetro nº 402/2013, que estabeleceu o regulamento técnico e metrológico (RTM) para os medidores de umidade de grãos. A portaria, que passou a vigorar em 2017, proibiu a utilização de instrumentos sem modelo aprovado pelo Instituto e determinou a obrigatoriedade da verificação inicial e periódica dos instrumentos.

Durante o período de adequação dado aos fabricantes dos instrumentos, os órgãos delegados fizeram campanhas de conscientização do RTM, seus técnicos passaram por treinamento para atuar nos laboratórios de verificação e, a partir de 2020, os Ipem saíram a campo para tirar de circulação equipamentos não regulamentados. “Essa norma foi resultado de muita discussão. A partir da vigência da portaria, o Inmetro colocou um ponto final nas divergências entre produtores e compradores de grãos”, enfatiza Francisco Bessa, gerente Regional do Ipem-PR em Cascavel.

Victor Goltz, gerente Operacional da Cooperativa de Cascavel (Coopavel), ressalta que para uma cooperativa que recebe 1,1 milhão de toneladas/ano de grãos, como a Coopavel, é fundamental que seus equipamentos estejam sempre atualizados. “Quando o produtor entrega a sua produção à Coopavel tem a certeza de que seu produto será corretamente aferido”, sublinha. De acordo com Goltz, a cooperativa está entre as 20 maiores do Brasil e atua em uma região – Oeste do estado – de maior produtividade de commodities do País.

Fonte - Inmetro - https://www.gov.br/inmetro/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/laboratorios-de-verificacao-de-medidores-de-umidade-de-graos-dos-orgaos-delegados-do-inmetro-dao-mais-seguranca-a-comercializacao

 

GALERIA DE IMAGENS